Pesquisas indicam que oito milhões de brasileiros já fumaram
maconha em algum momento de suas vidas. Outros 1,5 milhão usam a substância
diariamente, de acordo com o Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad). Lógico,
que indubitavelmente este número é bem maior, já que em um país de 200 milhões
de habitantes, com toda certeza mais de 1,5 milhões de pessoas já se utilizaram
da maconha. O que acontece, é que uma pesquisa sobre drogas, nem todo mundo se
sente à vontade para revelar sua experiência.
Nesta época de eleição, uma das reivindicações de alguns
candidatos é exatamente a descriminalização da maconha. Atentos a isso e
trazendo o verde da maconha em suas bandeiras, pelo menos cinco candidatos veem
na questão um nicho eleitoral a ser explorado. "É onde eu posso vencer a
eleição, com o apoio do pessoal que apoia a legalização da maconha. Tenho consciência
de que a maconha é criminalizada por racismo, porque o hábito de fumar foi
trazido pelos negros escravos. O capitalismo industrial é que retirou a maconha
do mercado com a entrada da produção do algodão", diz o advogado André Barros,
colunista do Blog Maconha da Lata e candidato a vereador do Rio de Janeiro pelo
PT, cuja história política está vinculada a diversos movimentos sociais.
Concorrente a vereador pelo PSDB, em Florianópolis, Lucas de
Oliveira criou um personagem para ilustrar sua campanha a favor da legalização.
Utilizando a figura do presidente THC, em referência ao ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso, que se manifestou recentemente a favor da descriminalização
da maconha, o candidato aposta que a apresentação do assunto de uma forma menos
estigmatizada pode fazer com que ocorra uma mudança no modo como a sociedade
encara o tema.
Cientes de que o assunto extrapola os limites das leis
municipais, a intenção dos candidatos é colocar o assunto em pauta, inclusive
nas esferas de poder, para que uma nova cultura a respeito do assunto possa ser
fomentada.
"Tem avanços de um lado, mas a sociedade é muito
conservadora, retrógrada, se constituiu em uma base religiosa muito forte,
nutrindo preconceitos fortes. A eleição está servindo para trabalhar no plano
cultural e pedagógico, porque tem certas pessoas que não conseguiam ouvir a
palavra maconha e, depois de ter sido repetido mil vezes, já não é tão
ofensivo, já se torna mais palatável", relata Lucas.
O tucano, presidente licenciado do Instituto da Cannabis e
organizador da Marcha da Maconha na capital catarinense, acredita que uma
mudança no sistema atual de repressão irá refletir em benefícios para a
sociedade em situações cotidianas da vida de todos os cidadãos, como as
questões ligadas à segurança e à saúde. "Estamos discutindo uma questão da
maior importância, que tem a ver com liberdade e com uma política que pode
atingir benefícios para a população em todas as áreas".
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